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COLUNA: LITERATURA - ARTE DOS ETERNOS

Conto de amor febril

Publicada em 28/01/25 às 14:57h - 44 visualizações

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 (Foto: Site Tribuna de Iguatu)

Cássia estava livre, tão livre quanto só. Não sabia como retomar a vida de solteira, o tempo andara e tudo se modificara: o jeito das pessoas, o modo de falar, até os amores... Queria um novo amor e na fresca da nova realidade civil, jogou-se. Agora, aos 43, filhos crescidos, o corpo pedindo calibradas, nada que a academia não colaborasse.

Matriculou-se para todos os dias, juntou as energias para duas horas diárias entregando-se aos aparelhos: bunda, coxas, barriga, queria tudo em ordem distribuindo seus exercícios na esteira, cadeiras extensora e adutora, leg press, polia. Antes da malhação, creatina e glutamina. No pós, uma super dose de whey protein. Ligou também para várias clínicas, queria fazer lipo, silicone, bunda, eliminar peito murcho, bunda triste, leve pancinha, pneus... Personal trainer, caro, não cabia no orçamento, pensou em suas dificuldades no universo estético desamparado pelos anos, sem ter como arcar com os preços altos... desistir! Até achou um combo de procedimento completo numa clínica boa, mas não deu. Queria tanto um bom homem, disposto, provedor, companheiro...

Teve alguns, saíam, comiam, comiam-se, partiam e ela questionava o que não teria agradado, passando a se angustiar com a falta de tato com seus amores fugidios. Nisso, todo o seu autoconceito de pudica, reservada, já havia se misturado à cachaçada dos fins de semana com os programas rápidos e inconsequentes das pegadas passageiras. Detestava o modernismo dos “ficas”, mas nem só ficando estava fácil.

Foi apresentada ao primo de uma velha amiga tão caçadora quanto Cássia, ele, elegante no primeiro momento, deixou-lhe bem interessada: não bebia, era caseiro, amava música, tinha religião, um pouco mais que sua idade e era “viúvo”, detestava redes sociais, Ernesto! Uma possibilidade clara de dar certo, vieram os primeiros afagos, troca de mensagens, alegrias de chegada, dias de primavera... Um bom homem que só tinha dois problemas para o relacionamento: “morar em outra cidade” e “estar passando por sérias dificuldades financeiras”, mas, com jeito, tirou da namorada as escassas reservas para ampliar seu “negócio de lanche”.

A paixão lhe tomara, entregara-se a esse amor como se fosse a última chance, meses e meses sem que ele conseguisse se firmar e tomar uma decisão de, ou levá-la para sua cidade ou de vez, decidir morar mais perto. Viam-se semanalmente, sempre muito corrido.

Cansada, decidiu tomar pé da situação e por meio de outra amante de Ernesto, soube que ela mulherengo, nunca fora viúvo e que morava num sítio próximo da mesma cidade.

Acabou o amor, a esperança e a caderneta de poupança.

Largou a academia, agora só bebia e virava a noite esperando um milagre, o milagre de uma sedução acertada.

Maria Lopes de Araújo.

Escritora (cronista, contista e poetisa). Licenciada em Letras pela UECE. Bacharel em Direito pela URCA. Advogada atuante.





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