A investigação, em curso desde janeiro de 2020, revelou um sofisticado esquema de transporte e distribuição de cocaína pura, pasta base de cocaína e skunk. Oriunda do Mato Grosso, a droga era transportada em fundos falsos de caminhonetes até Goiás, onde ficava armazenada. Parte permanecia em solo goiano e o restante era redistribuído para o Distrito Federal e o Nordeste, especialmente para o Rio Grande do Norte.
Em 2020, quatro carregamentos do grupo foram apreendidos, no total de 420 quilos de cocaína e 150 quilos de skunk. Porém, estima-se que pelo menos 2 mil quilos de cocaína pura tenham sido disseminados pela organização no período, que rapidamente substituía os motoristas presos e dava sequência ao tráfico.
De acordo com o delegado Vinícius Teles, responsável pelo caso, a investigação evidenciou toda a estrutura da organização, expondo os núcleos de fornecimento, que vendiam a droga na origem; de logística e transporte, formado por mecânicos que criavam os fundos falsos nos veículos e pelos motoristas, além de seus coordenadores; financeiros, que articulavam o fluxo dos pagamentos pela droga; e de adquirentes, que redistribuíam o entorpecente para outros traficantes atacadistas.
Um exemplo é a apreensão de 200 quilos de cocaína em outubro de 2020, em São Luís de Montes Belos (GO), quando duas caminhonetes de mesma marca, modelo, ano e cor foram apreendidas, uma para o transporte da droga no Mato Grosso e outra em Goiás. “É um exemplo da meticulosidade e expertise da organização, própria dos grandes atacadistas da cocaína"
A mera apreensão da droga, apesar de causar um considerável prejuízo, não alterava em nada o esquema criminoso. No mês seguinte, outro motorista era cooptado e a distribuição continuava”, detalha o delegado. “Agora, com essas 14 prisões, estamos certos de que toda a engrenagem foi atingida. As pessoas presas hoje estão do ápice à base da organização.”
A designação Déjá Vu, expressão francesa que significa “já visto”, remonta à Operação Esmeralda, de 2014, quando o grupo liderado por Marcelo Gomes de Oliveira, o Marcelo “Zoi Verde”, então considerado um dos maiores traficantes do Centro Oeste, foi preso. Marcelo foi assassinado em 2017 na Bolívia. Porém, diversos de seus parceiros de crime integram a organização atual, que se reestruturou, voltando a agir com dinâmica ainda mais apurada e eficaz.