Assim como a ministra Marina Silva, Bia de Lima é vítima do discurso machista e misógino de parlamentar da extrema-direita
O diretório regional do Partido dos Trabalhadores entrou com representação contra o deputado Amauri Ribeiro (União Brasil) no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego). Conhecido como “deputado do chapéu”, Amauri Ribeiro tem usado a tribuna da Alego para fazer reiterados ataques contra a deputada Bia de Lima (PT).
O estopim da representação foi a fala de Amauri na sessão ordinária dessa quarta-feira, 21, onde ficou “evidentemente fala caluniosa e ofensiva, onde imputou à deputada a prática de conduta criminosa gravíssima (pedofilia), extrapolando de forma evidente os limites da imunidade parlamentar”, informa nota da parlamentar publicada no site da Alego.
A representação, assinada pelos advogados Edilberto Dias e Anna Raquel Gomes, aponta que as falas e a atitude de Amauri podem ser auferidas na TV ALEGO e no canal da Assembleia bem como pelo link:
“Os vídeos das sessões ordinárias são provas incontestes e indenes de dúvidas quando as ofensas ao decoro parlamentar cometido pelo Representado”, aponta a ação.
De acordo com os advogados os discursos de Amauri Ribeiro, “além de não terem relação com o exercício do mandato, configuram crimes de calúnia e difamação (Código Penal, arts. 138 e 139) e violência política de gênero (Lei 14.192/21, art. 326-B), sujeitando-o às sanções disciplinares previstas no Regimento Interno, incluindo a possibilidade de perda de mandato (art. 206, II)”.
Conforme registra a representação, a conduta do Deputado Amauri Ribeiro está marcada por reiteradas ofensas misóginas, calúnias e abusos das prerrogativas parlamentares, compromete a dignidade da Assembleia Legislativa e viola os princípios do Estado Democrático de Direito.
“A apuração rigorosa dos fatos e a aplicação das sanções cabíveis são imprescindíveis para preservar a respeitabilidade do Parlamento e garantir o exercício pleno do mandato da Deputada Bia de Lima”, salienta o documento.
Entre as sanções cabíveis estão medidas administrativa, retratação do deputado em plenário ou perda de mandato.
Machismo como método parlamentar da extrema-direita
O episódio envolvendo Amauri Ribeiro denota um padrão de comportamento misógino e machista de parlamentares da extrema-direita, que ficou reforçado com o episódio de desacato à Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), durante audiência, na última terça-feira 27/5, na Comissão de Infraestrutura do Senado. O senador Plínio Valério (PSDB-AM), ao cumprimentar Marina, afirmou que desejava “separar a mulher da ministra”, porque a mulher “merecia respeito” e a ministra, não.
“Ministra Marina, que bom reencontrá-la. E ao olhar para a senhora, eu estou vendo uma ministra. Não estou falando com uma mulher. Porque a mulher merece respeito, ministra não. Por isso que eu quero separar”, disse Valério, líder do PSDB no Senado.
Plínio Valério é o mesmo senador que durante audiência sobre a CPI das ONG’s, disse que tinha vontade de “enforcar Marina Silva”.