Após novos ataques russos contra civis ucranianos, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, parece ter finalmente “acordado” para a gravidade da invasão à Ucrânia. Após os maiores bombardeios desde domingo, 25, que deixaram doze mortos, e segunda-feira, 26, Trump afirmou que o presidente russo Vladimir Putin “ficou completamente louco” e acrescentou que ele está matando “muita gente desnecessariamente”.

Por meio de sua própria rede social, a Truth Social, ele fez a primeira publicação crítica contra a Rússia pelos ataques no país vizinho. “Ele (Putin) ficou completamente louco! Está matando muita gente desnecessariamente, e não estou falando só de soldados”, afirmou. O presidente americano também admitiu que o regime russo está matando civis ucranianos de forma deliberada.

A mudança de tom surpreende, principalmente porque Trump vinha evitando críticas diretas ao presidente russo, mantendo um discurso ambíguo sobre o conflito. Durante sua campanha, ele chegou a sugerir que poderia intermediar um acordo de paz entre Ucrânia e Rússia em apenas 24 horas. No entanto, sem detalhar como garantiria a soberania ucraniana ou se aceitaria concessões territoriais à Rússia.

Agora, a dúvida que permanece é: qual será a postura de Trump daqui para frente? Ele continuará defendendo acordos de paz que favoreçam interesses russos, como já deu a entender em declarações passadas, ou adotará uma postura mais alinhada ao Ocidente, com defesa da integridade territorial da Ucrânia – incluindo a desocupação da Crimeia, anexada por Moscou em 2014? Essa publicação nas redes sociais pode ser um ponto de partida para maior aproximação com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky?

Também não está claro se Trump pretende retomar a linha de apoio militar e humanitário ao governo ucraniano, como fez seu antecessor Joe Biden. Durante o atual governo democrata, os Estados Unidos se tornaram os principais financiadores da resistência ucraniana, fornecendo bilhões de dólares em armamentos, munições e ajuda civil.

Essa nova manifestação de Trump pode marcar uma virada em sua estratégia política, motivada tanto pela escalada da violência quanto pela pressão internacional e doméstica. Afinal, o apoio à Ucrânia continua sendo uma pauta relevante para o eleitorado americano, especialmente entre os setores mais críticos ao autoritarismo russo.

Seja qual for o caminho que Trump escolher, sua posição terá forte impacto na condução da guerra e no futuro das relações entre os EUA, a Rússia e a Europa. Num cenário em que a paz parece cada vez mais distante e a violência se intensifica, a postura de Trump pode se tornar decisiva para os rumos do conflito.