Trump e Bolsonaro afugentam investidores, prejudicam a economia popular, perseguem adversários e pioram a condição de vida da população dos países que governaram
Marcus Vinícius de Faria Felipe
É fato que os líderes da chamada extrema-direita são péssimos gestores públicos, e isto salta aos olhos, na administração estadunidense de Donald Trump, ídolo do ex-presidente, e igualmente mau gestor, Jair Bolsonaro (PL).
Uma justa comparação entre os governos de Bolsonaro (PL), Lula (PT) e Donald Traump traz elementos para constatar como o modelo autoritário de governo da extrema direita prejudica os fundamentos econômicos, a ciência e o desenvolvimento nacional, na comparação com governos democráticos.

Nos governos Lula 1 e 2 (2003-2010), o crescimento médio do PIB (Produto Interno Bruto) foi de 4,1%. A economia brasileira avançou, por ano, 3,5% no primeiro mandato do petista (2003-2006) e 4,6% no segundo mandato (2007-2010). Isto foi possível porque nos seus dois primeiros mandatos Lula teve como mérito o respeito às intituições, a manutenção estabilidade política e econômica, dando previsibilidade aos investidores nacionais e estrangeiros. Esta tendência tem sido mantida no governo Lula 3, e graças a estes princípios de planejamento, previsibilidade e estabilidade o PIB atingiu 3,7% em 2023 e 3,4% em 2024, num crescimento médio de 3,5% ao ano.
Já sob o governo Bolsonaro (2019-2022) o Brasil cresceu, em média, 1,5% do PIB. O período foi marcado pelo ataque brutal de Bolsonaro às instituições políticas, econômicas e sociais, com cortes profundos de despesas na Educação, Saúde, Ciência e Tecnologia. Este período de governo foi marcado pela retórica de perseguição aos movimentos sociais, às minorias (indígenas, quilombolas), às comunidades LGBTQI+, os ataques ao Judiciário (STF, principalmente), às universidades e ao Meio Ambiente.
Com Lula cresceram o PIB, a renda do trabalhador, o emprego e a industrialização, com empresas automobilísticas anunciando investimentos de cerca de R$ 120 bilhões no Brasil. Nos governos Lula, Goiás ganhou duas fábricas de automóveis, a Hiunday, em 2007, em Anápolis e a GAC, anunciada neste ano, em Catalão. Com Bolsonaro, até a centenária Ford deixou o país.
E o que tem feito Donald Trump senão desestabilizar os fundamentos da economia norte-americana e mundial, com os tarifaços absurdos e desproporcionais como países, como o Brasil, onde os Estados Unidos são superavitários no balanço de exportações versus importações?
Seguindo o receituário de extrema-direita, Trump persegue a ciência, prejudica os negócios, ataca universidades (vide a sua guerra contra Havard), ataca o Judiciário e quebra acordos que tornaram a globalização a maior ferramenta de expansão do capitalismo no século XXI.
Trump perde popularidade
Recentemente, uma pesquisa do instituto Ipsos, do jornal “Washington Post” e da rede de TV ABC News, divulgada no dia 27/04, num domingo revelou que Donald Trump é o presidente ianque com pior aprovação aos 100 dias de mandato em 80 anos. A pesquisa foi feita com 2.464 adultos, entre 18 e 22 de abril de 2025, em inglês e espanhol. Uma parcela de 30% dos entrevistados se declarou democrata, 30% republicano e 29% independente.
Segundo o levantamento:
39% Aprovam Trump
55% Desaprovam
5% Não responderam
Sobre a economia do EUA, 73% disseram que ela está em má situação, 53% afirmaram que piorou desde que Trump tomou posse e 41% disseram que as suas finanças pessoais pioraram.
Agro perde com Trump
Em 2018 o agronegócio votou em peso em Jair Bolsonaro, em 2024, os produtores rurais ianques despejaram votos para releger Donald Trump. Assim como os produtores brasileiros, os norte-americanos foram os mais prejudicados com política de guerra comercial à China. Durante Bolsonaro, após ataques do “capitão” ao “comunismo” os chineses reduziram as compras de produtos agrícolas brasileiros; com Trump a China deixou de comprar soja, trigo e milho dos Estados Unidos, para comprar da Argentina, Paraguai e, principalmente, do Brasil, cuja relação comercial está no melhor nível, depois das reuniões do presidente Lula com o seu colega chinês Xi Jinnping.
Economistas criticam Trump
Grande parte dos pensadores de economia dos Estados Unidos criticam o tarifaço e outras medidas econômicas de Trump. Prêmio Nobel em Economia, Paul Krugman, definiu assim o resultado dos tarifaços de Trump, numa entrevista ao site Substack:
“Os negócios estão paralisados. Ninguém sabe se deve investir em uma fábrica no México ou construir capacidade nos EUA. Todo mundo apenas cruza os braços”, afirmou.
Jean Triole, que também recebeu Nobel em economia em 2014,diz que o tarifaço causou desarranjo na economia global, com aumento na inflação interna e externa, e que o mundo não deve ceder ao protecionismo de Trump. Triole defende o multilaterismo, que é defendido com todas as forças pelos BRICs.
Já Daron Acemoglu, professor do MIT e prêmio Nobel de 2024, criticou o “capitalismo de comadres” de Trump e Elon Musk e disse que políticas do atual governo norte-americano estão minando a vitalidade da economia dos EUA e vão afetar capacidade de inovação do país.
Para ele, o mercado de ações dos EUA pode sofrer um crash em 2030, impulsionado pela falta de inovação e por um “capitalismo de compadres” que favorece empresas alinhadas à administração Trump. Ele avalia que as políticas adotadas por Trump, incluindo tarifas a importados e uma postura aceleracionista para a IA, poderão não ter efeito ou então ter efeitos aparentemente benéficos no curto prazo – no entanto, as consequências de médio prazo podem ser dolorosas, com impactos significativos para os EUA e para aliados.
MAGA
A extrema-direita brasileira, liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados, como os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) botam o boné do MAGA (Make America Great Again), movimento lançado por Trump durante as eleições, que traduzido significa: Torne a América Grande Novamente.
Enquanto usam o boné de Trump, o mandatário estadunidense, já ameaçou anexar o Canadá, a Groelândia e o Panamá aos Estados Unidos, agora fala em tomar para os EUA a Base Aérea de Natal (BAN) e a ilha de Fernando de Noronha, que na Segunda Guerra Mundial foram emprestadas ao exército americano para caçar submarinos da Alemanha Nazista, que afundavam navios brasileiros e aliados no Atlântico Sul.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL) “filho 03” do ex-presidente se encontra nos Estados Unidos infundindo falsas acusações contra o governo brasileiro e o Supremo Tribunal Federal, numa flagrante ação lesa-pátria. Fosse ele um cidadão norte-americano, seria julgado pelo crime de traição à pátria.
As eleições de 2026 serão a oportunidades para ver quem põe o boné do Brasil e quem usa o boné do MAGA e presta continência à bandeira dos Estados Unidos.